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Aqui vou contar um pouco de minha história e um pouca da história da Umbanda sagrada. FILHO DE OXOGUIÃ.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Mas afinal, porque Ògún usa Màrìwò?


Na incessante busca do Terreiro de Òsùmàrè em preservar o legado deixado por nossos Ancestrais, publicaremos a medida do possível e do que é permitindo, um pouco sobre a fundamentação da nossa Religião, resguardando-nos, no entanto, do Awó do Òrìsà (mistérios que não podem ser revelados aos não iniciados). Dessa forma, hoje vamos contar a razão do grande Deus Guerreiro Ògún, ter como sua veste principal o Màrìwò. Antes de tudo, esclarecemos que o Màrìwò é a franja desfiada do broto da Palmeira do dendezeiro, o Igi Ope, uma árvore cercada de mistérios e de importância singular na Religião dos Òrìsàs.
Uma antiga lenda, conta que havia um mercado na cidade de Ire, conhecido por ser um mercado cheio de sofrimento, mas que apesar do sofrimento, o grande Deus da Adivinhação, Orunmilá conseguiu lá a sua prosperidade. Sabendo disso, Òsàlá também almejou a prosperidade, procurando saber com Orunmilá, o que ele deveria fazer para passar pelo sofrimento e conseguir o seu objetivo. Orunmilá recomendou à Òsàlá que fosse ao mercado, mas que tivesse muita paciência, pois assim conseguiria sua prosperidade. Assim Òsàlá o fez. Na primeira ida ao mercado, Òsàlá não encontrou nada, somente um Ìgbín (caramujo consagrado a Òsàlá), cobrando-lhe pedágio. Òsàlá novamente foi ao mercado e não encontrou nada, além do sofrimento e do Ìgbín que novamente lhe cobrou o pedágio. Mesmo a contragosto, Òsàlá recordou-se que deveria ter paciência, caso desejasse a prosperidade. Na terceira vez que foi ao mercado, ele novamente pagou o pedágio ao Ìgbín, contudo, ao invés de sofrimento, ele encontrou uma grande riqueza, o tornando um grande Rei próspero.
Ao saber que Òsàlá havia conseguido sua prosperidade no mercado do sofrimento, Ògún também procurou saber com Orunmilá, como também tornar-se próspero. Orunmilá lhe disse que ele deveria ser paciente e, em hipótese alguma, deveria usar o seu Alada (Facão) e seu Porrete (Kumo). Ògún de posse das orientações de Orunmilá, foi até o mercado do sofrimento, chegando lá deparou-se com um cachorro no portão, cobrando-lhe pedágio para entrar. Ògún achou inaceitável um cachorro lhe cobrar pedágio e, num impulso imediato, pegou seu Alada, ferindo o cachorro até a morte.
Todos gritaram: “Ele matou o Onibode” (o guardião do portão), todos começaram a chorar e, com vergonha, Ògún correu mata adentro, onde havia uma grande plantação de Labelabe (uma planta cortante, chamada em Salvador de Tiririca). As folhas de labelabe cortaram toda a roupa de Ògún. Quando ele saiu da mata, chegando a praça principal da cidade, ele estava completamente nu. As pessoas então gritaram “Ògún Kolaso” (Ogun não se cobre com roupas). Novamente envergonhado, Ògún olhou um Igi Ope, arrancando-lhe o broto e vestindo-se com o Màrìwò. As pessoas, por sua vez, exclamaram: “Màrìwò Asò Ògún-o Màrìwò” (Mariwo é a roupa de Ògún, o Mariwo). Como forma de arrependimento, Ògún desde então, passou a usar o Màrìwò como a sua vestimenta, sendo que as palavras entoadas na ocasião, são cantadas até os dias de hoje, nas festas dedicadas à Ògún, na Casa de Òsùmàrè.
Jamais se esqueçam, devemos sempre ter paciência à busca da prosperidade.
Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoado todos!!!
Fonte: Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó

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