Não conheço, aliás, nem imagino que exista um terreiro de
Umbanda que não utilize a Pemba, seja ela usada nos assentamentos e
firmezas, nos pontos riscados e cruzamentos de médiuns, seja em forma de
pós e amacis, nos rituais e cerimoniais como batismo, casamento,
conversão religiosa… Enfim, a Pemba é um dos elementos mais importantes
para um Terreiro e todo o trabalho espiritual/magístico que ele realiza.
Os Pontos Riscados também têm sua importância, também estão em todos
os terreiros, são “ferramentas” das mais importantes para os trabalhos
espirituais realizados pelos Guias na Umbanda. São eles que ajudam a
segurar a porteira, proteger o terreiro, sustentar o trabalho, quebrar
demandas, enfim, são fundamentais e carregam mistérios que somente o
Plano Superior conhecem e dominam.
No entanto, é de nossa responsabilidade a busca pelo Saber, mesmo que
minimamente, sobre os Pontos Riscados e Pembas ou qualquer outra forma
e/ou elemento de trabalho da Umbanda, só assim conseguiremos nos
“afinizar” com essa religião tão poderosa e divina. Portanto, façamos
nossa parte…
Pontos riscados são símbolos, signos e riscos que, sobre ação,
determinação e sabedoria espiritual de espíritos e forças superiores,
adquirem poderes divinos capazes de transformar ou criar qualquer
energia, consequentemente, qualquer situação. Dessa forma, os Pontos
Riscados podem, como “ordens mágicas”, curar, descarregar,
potencializar, irradiar, abrir, fechar, imantar, quebrar, unir,
apaziguar, atrair, expelir…
Os pontos riscados são traçados por Guias Espirituais e servem como
reforço, como um espaço mágico realizador que durante os atendimentos
espirituais beneficiam os consulentes em suas necessidades. Também
servem de identificação, como uma assinatura do Guia. Compreendendo esse
tipo de ponto, ponto de identificação, mesmo que de modo superficial,
consegue-se entender “quem é” e “como” trabalha o Guia, ou seja,
sabe-se, por exemplo, se o Caboclo é doutrinador, curador ou demandador,
se tem a regência de Ogum, Oxóssi ou Oxum, enfim consegue-se se
aproximar do Guia e de sua forma de trabalho, facilitando,
consideravelmente, a participação do médium junto a Umbanda e toda sua
potência realizadora.
Vejam alguns exemplos de representações simbólicas que normalmente vemos nos pontos riscados:
Sol – representa “tudo” – símbolo de Oxalá.
Espiral – para fora indica chamamento de força, retirando demanda. Para
dentro evolução final, o encontro com o espírito, com o centro.
Seta Reta – representa a irradiação de Oxóssi (caboclo), energia dirigida.
Lança – simboliza a força e a realização, o combate que transforma,
representa grande iluminação e chefia de linha ou legião. Usado pelos
Pretos Velhos, Caboclos de Ogum e linha do Oriente.
Arco e flecha- força espiritual, energia e potência.
Machado – representa a busca do equilíbrio.
Balança – simboliza a justiça, a força e o poder.
Borboleta – é um símbolo da ressurreição, lembra a passagem da morte para a vida. Na Umbanda esse símbolo pertence à Yansã.
Raio duplo – a força que vem para regenerar.
Espada – representa a busca, a luta do trabalho. Simboliza o guerreiro ou apto à luta – símbolo de Ogum.
Âncora – significa esperança.
Bandeira – significa ponto de equilíbrio dos contrários
Lua – representa magia.
Chifres – representa força, poder, inteligência.
Escudo – isola e defende, simboliza a fronteira entre os adversários.
Serpente – quando morde a própria cauda é o símbolo da eternidade. Quando livre, representa a sabedoria.
Caveira – representa a inteligência e a vida.
Tridente – simboliza a evolução do espírito
Punhais – simbolizam chaves que fecham o abismo
Sete cruzes – transformação da matéria, a fronteira entre a vida e a morte.
Os traços dos Pontos Riscados podem conter vibrações específicas que
potencializam o poder mágico do ponto, podem ser passivas, ativas ou
absorvedoras, e isso depende do material que se usa para riscar
determinado ponto. Sabemos que a pemba é Sagrada, que tem um poder
ritualístico superior a qualquer outro material quando falamos em
Umbanda, sabemos também que a pemba contem os quatros elementos da
natureza, fogo, ar, água e terra, no entanto ela é de energia passiva,
que responde a determinações, portanto, não contem uma vibração natural
ativa ou absorvedora. Para chegar nessas vibrações deve-se usar outros
tipos de materiais para traçar o ponto riscado, materiais que quando os
médiuns de incorporação não conhecem, acabam por “travando” a
solicitação do Guia Espiritual e, por consequência, seu trabalho.
A cor da pemba usada no ponto riscado também contém vibrações
específicas. A cor branca, por exemplo, é harmonizadora e passiva, pode
ser usada continuamente por qualquer Guia Espiritual e pelo próprio
médium, já as pembas coloridas como: rosa, vermelha, marrom, azul, roxa,
amarela, preta e verde, têm outras vibrações, aliás, o uso é quase que
exclusivo para o traçado de símbolos sagrados propiciando a ação de
determinado Orixá, o que requer cuidado, delicadeza, bom senso,
conhecimento e “permissão”.
Através da pemba também se confeccionam os importantes Pós de Pembas
que em uso ritualístico alcançam dimensões sutis e extensas
harmonizando, descarregando e energizando os médiuns, os consulentes, o
terreiro e qualquer ambiente. Sem o conhecimento teórico, energético e
ritualístico esses Pós podem causar danos dificilmente revertidos,
portanto devem seguir rigorosamente seu ritual de confecção e
utilização.
Enfim, espero que com essas poucas explicações se perceba o quanto é
fundamental estudar e conhecer a Umbanda e suas “ferramentas” de
trabalho.
Espero que se perceba que, quanto mais o médium sabe mais o Guia “faz”, mais fácil é a incorporação, mais firme e coeso fica o atendimento espiritual.
Espero que se perceba que a Umbanda tem fundamento, tem lógica, tem
sentido, tem o ‘porque’ e o ‘para que’. Dessa forma, estudar, buscar o
conhecimento, é aproveitar a grandiosa oportunidade que é Ser
Umbandista.
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